quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Serra dos Órgãos: O paraíso.

Dedo de Deus (1.675 mtrs)

O Parque Nacional de Serra dos Órgãos criado em 1939, possui 11 mil hectares e abrange os municípios de Magé, Guapimirim, Teresópolis e Petrópolis . O Parque é famoso por possuir uma das jóias do montanhismo brasileiro, o Dedo de Deus (1.675 mtrs), uma curiosa formação rochosa na forma de um imenso dedo, além de outras belezas únicas. Dentre as inúmeras opções de escalada e caminhadas oferecidas pela região destacam-se o Escalavrado, a Agulha do Diabo, Pedra do Sino, Pedra do Açu, Verruga do Frade, Garrafão e outras. Já na área de caminhada é, sem sombra de dúvidas, a travessia Petrópolis-Teresópolis a mais famosa, a qual descreverei a seguir. Trata-se de uma caminhada clássica que pode ser classificada como um dos mais belos trajetos a ser percorrido por um excursionista em território Tupiniquim. Existem algumas contradições quanto a distância desta travessia, mas acredito que fica em torno de 32 quilômetros por trilhas íngremes e irregulares.

Da esquerda para a direita: Miltão, André, Carlão, Márcio e Marcelinho.

Curtindo o visual noturno nas encostas do Vale da Morte.

A travessia Petrópolis - Teresópolis é uma caminhada de grau avançado, exigindo que o montanhista esteja bem preparado fisicamente, tenha equipamentos específicos e que possua um bom conhecimento sobre navegação e cartas topográficas já que em muitas partes o acesso se dá sobre maciços rochosos onde é quase impossível visualizar qualquer vestígio de trilha demarcada, a não ser alguns marcos de pedras empilhadas colocadas por outros excursionistas para sinalizar o trajeto. A melhor época do ano para realiza-la é de final de abril até agosto, quando as chuvas são menos freqüentes mas o frio é rigoroso. Na medida do possível tente percorrê-la em meios de semana, pois esta travessia fica extremamente lotada em feriados prolongados. O primeiro dia é o mais desgastante de todos pois a subida do bairro do Bonfim até os castelos do Açu é dificultada pela inclinação acentuada do terreno. Um bom lugar para se recuperar o fôlego neste trajeto é a Pedra do Queijo, onde a maioria dos excursionistas chegam ofegantes e param para tirar fotos e fazer um lanche.

Amanhecer na travessia.

A Pedra do Açu é um local muito utilizado pelos excursionistas com área de acampamento. Infelizmente, por ser fácil o acesso até este lugar, várias pessoas mal intencionadas e pouco instruídas costumam se dirigir até o Açu e promover algazarras, muitas vezes regadas a bebidas alcoólicas e drogas, não recolhem o seu lixo e sujam as nascentes com detritos das mais diversas variedades, o que é totalmente incompatível com a conduta e a ética do verdadeiro montanhista. No entanto, para amenizar esta terrível situação, boa parte desse lixo é, muitas vezes, recolhido por centros e associações de excursionismo, principalmente o CEP (Centro Excursionista Petropolitano) que diversas vezes promovem esta coleta.
O segundo dia da travessia é o de mais difícil navegação; começa o trajeto Açu-Sino onde o tempo bom e aberto é de vital importância para a navegação visual e o auxílio de uma pequena carta topográfica e uma bússola também ajudam. Nesta parte pode-se observar o visual alucinante da Pedra do Sino e do Garrafão onde esta localizada a via "big wall" mais difícil do Brasil, a "Terra de Gigantes".

Trilha inicial passando pela portaria de Petrópolis.

Após uma hora e meia de caminhada podemos observar a imensa pedra do Açu em formato reduzido devido a distância. Mas a frente após descer uma extensa e escorregadia encosta rochosa chega-se ao Vale da Antas, onde pode-se decidir entre acampar ou dar uma esticada por mais uma hora até a Pedra do Sino, acampando na Clareira do Quatro que tem fama de assombrada (segundo as pessoas mais antigas da região) por um cavalo fantasma que costuma galopar e relinchar ferozmente no local. Vista do Vale da Morte.
Acampamento no cume da pedra do Sino. Bom, mas se você não quiser se arriscar a dar de cara com essa terrível criatura que vai assombrar, fazer barulho e atrapalhar o seu sono, uma boa opção, se tiver uma barraca apropriada e muita disposição, é acampar no topo do sino. Tome cuidado com os ventos que, muitas vezes, vem em seqüências rajadas, o que uma vez, em julho de 1996 transformou uma de nossas barracas em um trapo. Tanto do Açu quanto a Pedra do Sino o visual é belíssimo (principalmente o noturno, quando o tempo está claro) com vista para a Baía de Guanabara, Ponte Rio-Niterói, Corcovado, Pão de Açúcar e várias cidades circunvizinhas.

Na montanha come-se muito bem, na foto acima você pode conferir a nossa cozinha.

No começo do terceiro dia é hora de levantar bem cedo e seguir em direção a portaria da sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos em Teresópolis, passando pela clareira do quatro (cuidado com o cavalo fantasma!), do Três e pela cota 2000 com uma duração de 3 horas aproximadamente. Chegando a portaria do Parque será cobrada pelos guardas uma taxa de R$12,00. Ultimamente o Parque Nacional da Serra dos Órgãos vem experimentando melhorias em sua infra-estrutura. É possível tomar banho no camping e no abrigo de montanha que fica na clareira do quatro.

Saindo do Açú em direção ao morro do Elevador.

Esta travessia é sem dúvida uma bela caminhada, se não for a melhor, entretanto será melhor realizada fora de feriados prolongados e feita a partir de Petrópolis com destino a Teresópolis. É só arrumar bem a sua mochila e respeitar as regras de preservação. Vale a pena!

Nossas inseparáveis companheiras.

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