quarta-feira, 2 de julho de 2008

Tempestades na montanha

Já passei por duas situações de pegar tempestades elétricas na montanha, ambas na Serra dos Órgãos, e a coisa é complicada, primeiro porque estamos em um dos piores lugares para se estar num temporal, na montanha, e segundo porque se você estiver em um cume ou numa crista de pedra você provavelmente será o ponto mais alto da região.

Um texto de Alex Huber publicado no site: http://www.altamontanha.com/ ilustra muito bem a situação, para quem quiser ler o texto:

Chuva, raios, água e frio. História de uma roubada nos Marins
http://www.altamontanha.com/colunas.asp?NewsID=416&CatID=27

Depois dos perrengues eu sempre pesquiso sobre o assunto e independente da fonte as informações sempre são parecidas e resumindo:

- Não existe lugar seguro em ambiente externo como montanhas, pastos, etc.
- Barracas não oferecem proteção alguma.
- Em caso de raios em campo aberto não fique em grupo, separe-se dos demais em torno de 5 metros.
- Livre-se de equipamentos metálicos como por exemplo um bastão de caminhada.
- Não se abrigue em árvores isoladas, ao invés procure desfiladeiros ou vales.
- No caso de pegar uma tempestade elétrica na montanha não existe muito o que fazer já que não existe um lugar isolado com pára-raios.

Em atividades em época de chuvas fortes (verão) eu sempre procuro ver a previsão do tempo e programar para ou voltar antes do final da tarde ou estar abrigado nesse horário.

Se você estiver em um local sem um abrigo próximo e sentir seus pêlos arrepiados ou sua pele coçar, está indicando que um raio está preste a cair, portanto, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não se deite no chão.

Algumas informações importantes sobre tempestades e raios:

O jornal O Estado de S.Paulo noticiou em 21 de fevereiro de 2008 que houve 22 mortes por raios nos primeiros 50 dias de 2008 em oposição a 46 vítimas em todo o ano anterior (2007), sugerindo um aumento do número de acidentes. A maior parte dos acidentes se concentra no Estado de São Paulo.

O INPE informa também que houve aumento em 35% no número de raios na região sudeste do país em 2008 em relação ao mesmo período de 2007, a explicação para o aumento da incidência de raios está no fenômeno La Niña, que é o esfriamento de águas do Oceano Pacífico. Esse fenômeno climático está aumentando a incidência de raios no Brasil e a região mais afetada é exatamente a sudeste.

No ano de 2001 em que o fenômeno “La Niña” marcou presença, o número de mortes por raio atingiu 73 óbitos, o mais alto até agora no país.

A maior parte das vezes os acidentes ocorrem no fim da tarde. Dados americanos mostram que antigamente as vítimas eram fazendeiros e marinheiros, mas hoje em dia são adeptos do ecoturismo e atividades esportivas em locais abertos e de maior altitude.

Um fato curioso no caso das mortes por raio é que a causa é realmente uma parada cardio-respiratória, que não passa de evento terminal de tantas outras causas de morte. Porém, o dano ocasionado pelo raio pode ser decorrente da própria voltagem do relâmpago, do trauma provocado pelo raio ou pelo excesso de contrações musculares. A maioria das vítimas fica sem respirar e sem batimentos cardíacos, mas consegue recobrar as funções espontaneamente! Um fato ainda misterioso para a ciência médica.

Acredita-se que há uma cessação dos movimentos respiratórios e circulatórios por curto espaço de tempo, mas depois disso as funções cerebrais reassumem o comando. Por esse motivo, recomenda-se sempre iniciar manobras de ressuscitação em quem foi atingido por raio, mesmo que aparente estar morto. Em outros termos, é como se um hipotético “disjuntor caísse” e, alguém o ligasse novamente, restabelecendo a energia no organismo, ou seja, os batimentos cardíacos e os movimentos respiratórios.

As formas de acidente por raio são de quatro tipos:

Direta - o raio cai sobre uma pessoa em pé em um lugar aberto, entrando pela cabeça (entra no crânio pelos orifícios), atravessa externamente e internamente a pessoa e sai pelo solo. Esse tipo de acidente é o que faz o maior número de vítimas.

Por contato - o raio atinge um objeto próximo a pessoa, transferindo-se para ela. Os objetos de contato podem ser tacos de golf, guarda-chuvas ou por exemplo, um molho de chaves.

Por espalhamento (splash) - ocorre quando a tempestade está em cima de uma área cheia de árvores e o raio cai sobre uma delas, e se espalha pelas pessoas em volta. Pode ocorrer também dentro de casa, se a vítima estiver utilizando telefone com fio. É o tipo mais comum de acidente.

Em onda - a última forma é quando o raio atinge o solo e viaja em círculos (igual a quando lançamos uma pedra em um lago) e quem estiver no raio da ondaé atingido.

Fontes:
http://ciencia.hsw.uol.com.br/acidentes-com-raios-no-brasil.htm
http://www.lightningsafety.noaa.gov/overview.htm
http://www.inpe.br/webelat/homepage/

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